11 fevereiro, 2007

Eu pensei, pensei,
rabisquei meia dúzia de palavras,
desenvolvi dois ou três parágrafos, apaguei.
Se estivesse escrevendo de próprio punho,
teria gasto bem um bloco de papel,
e as folhas descartadas estariam agora entupindo meu cesto de lixo.
E viva a Internet e viva o bloco de notas!!
Graças a eles escrevo aqui,
favorecida por todas as comodidades possíveis e imagináveis
que a tecnologia me oferece.
A mesma tecnologia que nos possibilita manter contato,
desenvolver relacionamentos e estreitar laços com pessoas
que por vezes nunca sequer chegamos a conhecer.
A mesma tecnologia que possibilita a uma pessoa
que crie uma identidade fictícia,
e que crie seu próprio teatro de bonecos virtual:
movendo seus fantoches e cordões a seu bel prazer.
Eu poderia fazer uma lista sem fim,
começando pelo Orkut, Beltrano, passeando pelo Skype, MSN e ICQ,
pelas listas de discussões e fóruns,
e terminando - depois de uma centena de exemplos -

nas salas de chat e bate-papo.
E veja, é quase uma imposição,
somos obrigados a criar uma identidade virtual
através da qual nos comunicaremos e expressaremos nossas idéias.
Deixamos de ter nomes
e passamos a ter USERNAME e ID (ou nome de usuário)
e o PASSWORD transforma-se em nosso RG virtual.
O uso de pseudônimos não só é permitido como também incentivado,
para nossa própria segurança e privacidade.

Porque não criar também uma vida virtual?
Creio ser esta a hora de lançar um olhar mais crítico sobre os laços que criei
durante minha curta existência na esfera virtual...

Posso chamar de amigo, alguém que conheci
por intermédio de um comentário sem grande relevância num blog conhecido,
e com quem troquei algumas dezenas de emails?
Alguém a quem confidenciei alguns segredos
que jamais confidenciaria a nenhuma outra pessoa?
A quem expus, sem qualquer cerimônia, medos e fraquezas,

acreditando estar protegida pela distância física e geográfica ?
Alguém que me faz mesuras, me paparica, me faz pequenos dengos,
que me diz insistentemente que está enamorado?
É possível apaixonar-me, e amar desmedidamente alguém que eu nunca vi,
ou vi uma, duas, três vezes
(mas com quem troquei mais de 5000 emails/mensagens)?
Não, eu não tenho as respostas.
Quem dera eu as tivesse.
Muitas das minhas dúvidas não existiriam
e grande parte dos meus temores não passariam de sonhos ruins.
Pessoas, "lindas", se apresentam na esfera virtual,
aparentemente vindas do nada,
de lugar algum, e que vão se aproximando, entremeando nossa vida,
se fazendo presentes e se tornando a cada dia mais queridas,
e por que não dizer desejadas?!
Pessoas que nos arrebatam pela forma de escreverem um simples "profile"...
Que nos dão a nítida impressão de que são nossa alma gêmea,
e quando nos damos conta, já pertencem ao nosso mundo real...
Que se tornam então, presentes da vida,
onde o acaso foi o maior responsável, cúmplice e cupido...
Onde colocar agora o sentimento de "posse",
que de virtual não tem nada, ao se perceber um número a mais,
na farta lista de amigos onde você também figura?
Não, eu não tenho a resposta!
Talvez também não me esforçarei para tê-la!
Seguirei amando você, até quando não posso precisar!

2 comentários:

Milah B. Parker disse...

ei fumão... deixa de ser goiano sô..
rsrsrsrsrs
tinhamu feiosona môrtadu

Anônimo disse...

ah!!!! minha querida, este teu jeito de escrever que gosto tanto, e foi este jeito e o que eu via dentro das tuas palavras, que nos aproximou e como nos encontramos e nos identificamos, como vc mesma diz...
e estamos nós aqui, entre pessoas que conhecemos físicamente, durante anos e anos, e que, de repente, por um motivo qualquer, nos tornamos já desconhecidos...
e estamos nós aqui, como irmãs, velhas conhecidas, num encontro virtual...
beijos em teu coração...
desta irmã que te gosta muito.