AMOR ABSOLUTO

Quisera eu expulsar de minha alma
os monstros que até ela eu mesma trouxe...
Quisera ter a ausência desta presença forte,
que me enfraquece,
na medida em que a minha lucidez enlouquece...
Não ignoro a culpa desta inocência que,
ao profanar os meus mais sagrados pensamentos,
leva-me do céu ao inferno.
Sei que o ontem vem depois do amanhã,
na forma da consciência latejante.
Sei que, para uma volta,
terá sido necessária uma ida,
e que, em todo ódio, há uma grande porção de amor.
Amor vivido, mal feito e refeito,
tudo em doses homeopáticas de exageros.
Não sei se sou anjo ou demônio,
se possuo asas ou correntes.
Somente sei que respiro
o ar contaminado pelas nuvens de carvão ,
e que as poças d’água que agora vejo,
refletem minhas lágrimas de saudades,
com brilhos multicoloridos de aluminossilicatos, calcopiritas.
Hematitas e magnetitas, nos altos fornos,
e meu sangue corre nas veias qual o gusa incandescente,
lembram-me a força da vida, minhas vidas,
que se arrastam paralelamente,
uma ao lado da outra...
que o teu sal tempere minhas vidas,
Que tua imensidão decifre meus enigmas,
Que teus sons se percam em infinitos acordes
da melodia ensurdecedora do meu silêncio.
Poderei guardar, assim, os meus temores, as minhas incertezas.
Poderei trazer assim, comigo, todos os amores,
e mesmo que o barco naufrague,
Meus sonhos continuarão, flutuando em tuas águas, eternamente...

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Obrigada amiga Erika Murari, " se o barco afundar"...
saberei exatamente o que fazer!