AMOR ABSOLUTO

Isso.

Me prenda entre as suas pernas

e não me venha com cochichos na orelha.

Agora, o que eu quero são gritos.

Berros pra serem ouvidos

sem que os vizinhos precisem encostar

seus copos nas paredes.

Quero que ouçam do quarto,

da sala, no meio da novela.

Quero que ouçam da cozinha,

entre uma garfada e outra de seus jantares silenciosos.

Eu quero inveja.

Isso.

Assim.

Me aperte mais com as suas pernas

e não me venha com carinhos.

Quero que me arranhe.

Que deixe marcas.

Rastros.

Não quero mais esse amor morno.

Quero água quente.

Fervente.

Vapor cobrindo o banheiro.

Embaçando o espelho.

Assim mesmo.

Não deixe que eu escape das suas pernas.

Que escorregue.

Me prenda

e não me venha encostando de leve seus lábios por aqui.
Quero que me machuque.

Quero mordidas no lugar de beijos.

Eu quero dor.

Quero que me prenda pela cintura
e que não enrole meus cabelos entre seus dedos

nesse cafuné sem graça.

Quero que puxe.

Que encontre um punhado de fios,

amanhã, quando abrir a sua mão.

Eu quero força.

Cansei desse amor pequeno.

Isso.

Eu quero exagero.

Sal. Tempero.

Quero que me prenda entre as suas pernas.

Eu quero um amor que me mate.