29 janeiro, 2008

Não é preciso se anunciar.
Chegue apenas...

Pouse sua roupa com bolsos repletos de vida alheia na cadeira vazia...
Fique descalço,
Traga-me seus lábios que nunca foram meus.

Não quero que os lugares onde esteve
partilhem dos passos que te trazem até mim.
Deixe-me te despir devagar

Deixe-me cheirar na sua pele cada segundo que não passei contigo.
E também aqueles que nunca irei passar.
Depois, deite-se ao meu lado e abraça-me.
Mas não me peça nada.
Eu não vou te dizer uma única palavra.
Esgotei todas na solidão das manhãs
em que esperei por você e você não veio.
Elas estão gravadas nas paredes de algum quarto.
Estão espalhadas pelo chão que você acaba de pisar.
Abandonadas pelas respostas que nunca me deu.
Hoje fico em silêncio,
porque essas palavras já não me pertencem.
E a você também não.
Acabaram-se os porquês.
Amanhã caso você fique , não me acorde.
Limite-se a sair, pela última vez!

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