"O amor é um oceano, mas se esconde num pingo d´água.
O amor é broche do desejo e, por vezes, brinco da vaidade.
O amor é um fruto que se oculta numa dúzia de rosas...
O amor tendo o aval do mel vai arrebatar um amém do céu
O amor sendo espuma e bola de sabão, tal arco-íris, flutua.
O amor é para sempre num minuto e, no outro, nunca mais.
O amor é claro e se finda, se tanto, em acender mais luzes.
O amor é enviar, fora os bilhetes, cartas de nunca acabar.
O amor é ridículo: dispensa as flores e evita os perfumes.
O amor que não tolera insensatez é como labareda no gelo.
O amor nunca é livre e amiúde nos chama de cativos.
O amor é água de fervura, ungido com óleo de querer.
O amor sempre fica preso ao laço da fé e da conveniência.
O amor ou se cala, ou acusa a verdade de ser mexeriqueira.
O amor é cor entre o azul, o amarelo, o carmim e o preto.
O amor faz voz alterada para exonerar-se da idolatria.
O amor trapaceia a cavalo e desembarca em trem-de-ferro.
O amor chegou à nossa aldeia para o batismo e a crisma.
O amor não avisa hoje que poderemos padecer amanhã.
O amor troca o certo pelo duvidoso e este pelo incerto.
O amor rodeia tal uma tia santa, mas peca sem limites.
O amor, luxo bobo, feito de espelhos, sofre de apatia.
O amor, às portas do que é demorado, acorda em síntese.
O amor, a avó gritou, é bom correr menina, ele morde.
O amor é eunuco, é pagão, é alma penada, é benzedor.
O amor é purpurina, presentinho em guirlandas a florir.
O amor é rosa geométrica, hipnotiza, entulha e morre.
O amor é acordo que faz render e horror que faz cumprir.
O amor é vidro no muro, é arame farpado e bala de aniz.
O amor é um pássaro que só vemos quando o afeto foge.
O amor é lagrima, é mãe, é pai, é jura que não acaba mais.
O amor é trabalho, é rio, é anotação avulsa, é ribanceira.
O amor é um padre velho rezando sempre missas novas.
O amor acaba, depois recomeça, depois acaba, depois..."
Desonheço a autoria, mas concordo em gênero, número e grau...
Um comentário:
é verdade!
Postar um comentário